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Os Céus Estrelados da Imaginação e Razão

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Frequentemente os astrólogos modernos se sentem inseguros quando são confrontados com o cosmos inter-relacionado e pulsante, que vive dentro do tecido dos mundos e os raios dos planetas são traduzidos em raios materiais ou quasi-materiais. Parece que a ‘razão’ se tornou irracional – e a lógica se tornou uma fábula da imaginação material e reducionista. Acredito que esta possibilidade se tornou uma realidade por causa da dúvida. Hoje em dia é possível duvidar do que não é material e mensurável com instrumentos da ciência. Estes instrumentos da ciência são somente construídos para medir ocorrências materiais e suas seguranças se confinam à perspectiva limitada da visão mundial moderna. Em uma palavra, encontramos a necessidade para a causalidade. Mas esta causalidade necessita ser medida para que se ganhe a validade. Isto significa que somente aqueles relacionamentos causais materialistas que são possíveis de se medir podem ser discutidas em termos de validade científica, e por extensão, providas da virtude da verdade. Verdade, al haqq, que Al Arabi discutiu longamente em seus discursos maravilhosos e sensacionais, é claramente um fenômeno não limitado às possíveis medições com ferramentas científicas à nossa disposição material. Verdade é experiência, verdade é uma possibilidade manifesta. Os Doutores dos Planetas, tais como Al Biruni e o já mencionado Al Arabi viam o UM como a realidade única e última, todas as coisas manifestas serviriam como sinais e estações do caminho para que pudéssemos nos conscientizar da unidade inerente que partilhamos.

Al-Arabi criticou em seu tempo a tradição racional e intelectual evidente, Kalãm, por possuir somente um olho. Com isto ele queria dizer simplesmente que eles somente compreendiam o mundo através do olho da razão e fechavam firmemente o olho da imaginação. Desde que Aristóteles separou a mente da matéria, estes meio-reis de um olho têm tropeçado mundo afora e com a chegada da sombria era moderna, a tão chamada ‘iluminação’, estes Ciclopes não têm somente trazido para seus discursos modernos a visão reduzida, mas também de horizontes obscurecidos. Com um só olho, olhando para o terreno e paisagem imediatas à esquerda, direita, para frente e para trás, é suficiente para estas pessoas, enquanto para cima e para baixo, a verdadeira linha da manifestação, não está em lugar algum para ser encontrada. A corrente dourada se foi para o homem moderno e sua razão materialista, que almeja a falsificação de realidades espirituais. Não é à toa que o homem se sente perdido, que as plantas não mais falem com ele, ou que o homem e mulher não se entendam mais, pois o homem moderno não se sente como parte de nada. Ao contrário, ele se sente perdido em uma jornada rumo à individualização em um mundo de ambição. Ele não olha para cima e para fora, só para dentro e para baixo. Hoje em dia não é importante se conscientizar como você pode ser uma indicação cósmica de unidade, pois você é uma das amadas criaturas na criação. Hoje em dia o que é mais importante é ‘se encontrar’ – isto é, realizar o individualismo completamente sugestionado pelos valores materialistas e sentimentais, vivendo promessas artificiais de felicidade em nossa ‘civilis’ urbanizada. Esta perspectiva completamente inútil tem também infestado a astrologia. A parte aplicada de astronomia é hoje em dia corrompida e o universo psicanalítico de sugestões e frágeis construções que tentam afirmar a condição humana como ‘psique material’. A idéia largamente difundida hoje em dia, por exemplo, é de que o círculo zodiacal pode ser separado em duas metades, representando a psique humana. A parte superior, do ascendente ao descendente, representa a parte extrovertida e a vida consciente da pessoa, enquanto a parte inferior, do descendente ao ascendente, representa o subconsciente. Isto está em discordância radical com Bonatti, Agrippa, Firmicius Maternus e Ptolomeu, e isto é bem evidente somente olhando-se às casas importantes como a 9ª. E a 11ª. – ambas alegadamente casas conscientes. A 9ª casa significa “visão, sabedoria... e o conhecimento prévio de todas as coisas”, de acordo com Bonatti, e a 11ª, de acordo com Firmicius, é a casa do “Bom Daemon”. Lógico, em um mundo onde a visão é insanidade e sabedoria é relacionada à um grau universitário, o ‘Bom daemon’ é uma piada contada nas tavernas, onde se pode questionar sobre o uso da astrologia moderna como uma simples ferramenta moderna para a afirmação materialista e individualista, baseada em princípios e projetos psicanalíticos.

Este é o mundo de ciclopes que quase que não enxergam o que está em sua volta, na paisagem turva que não conhece o fim em sua unidade. Aqueles que possuem dois olhos, o da razão e o da imaginação, percebem a riqueza dos mundos - e dois olhos são necessários para se manter o equilíbrio do ser. A razão abranda o olho da imaginação e assegura que a fantasia não entre no mundo, e da mesma forma, imaginação abranda a razão, para que não sufoquemos o espírito das coisas com nossas super-racionalizações. O mundo imaginibus é o mundo das formas e idéias divinas, mas em um mundo onde há lugar para a dúvida e até mesmo a falsificação deste reino de possibilidade espiritual, o olho da imaginação é firmemente fechado, e deixa somente uma neblina para o racionalista de um olho só se aventurar. Então, naturalmente, com o ato de denegrir-se e rejeitar-se a imaginação, o mundo da fantasia e ilusão, o mesmo acontece com nossas inter-relações e conexão com todas as coisas. Com nossa racionalização silenciamos o mundo, e nos isolamos dentro de uma vida artificial de ‘civilis’, onde a natureza é amedrontadora e suja. Naturalmente, tais percepções não podem gerar uma compreensão ou a disposição de se compreender a textura dos mundos viventes e pulsantes que a tudo abrange – e muito menos que partilhamos nesta unidade maravilhosa de relações.

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