Pular para o conteúdo principal

Algol Diabolus e a Idéia do Mal

English version

No Livro de Astronomia de Bonatti (volume I, pg.314) encontramos uma curiosa observação onde ele fala sobre a constelação de Touro e as seis estrelas de de Touro que fazem parte das Plêiades. Todas elas são consideradas como pertencentes à natureza de Marte e Lua quando consideradas coletivamente, mas dentre elas, temos algumas que tomam a natureza de Marte e Mercúrio. Estas são as estrelas que no tempo de Bonatti eram encontradas à 14 graus e 45 minutos de Touro, chamada de Diabolus, e a 55 graus de distância encontramos Caput Diaboli, isto é, a cabeça do Diabo, que é a estrela mais conhecida como Algol. Isto significa que a estrela é binária. Algol tem uma longa reputação de ser associada com malefica, diabolismo e o mal. Mas o que é o mal? Observando esta questão do ponto de vista de um Astrólogo Tradicional, a maldade percebida deve ser entendida na base de sua natureza, Marte e Mercúrio. Mas podemos dizer que Marte é mau ou Mercúrio é mau ou estes termos são melhores entendidos pela aplicação à sua localização e como um conjunto de poderes são usados para influenciar uma situação? Em outras palavras, é a idéia do mal simplesmente baseada em perspectiva e localização?


Assumindo que harmonia indica uma balanço entre as coisas e os seres, e chamamos a isto de bem, podemos sugerir que desarmonia é causada por um desequilíbrio entre seres e coisas, e por extensão, se este desequilíbrio é de caráter violento e nocivo, ele irá apropriadamente apresentar os componentes do mal assim que aparecer no mundo. Se nos voltarmos à cabbala clássica, encontramos a natureza de Marte na face divina de Deus, chamada de Din ou Geburah. Este atributo divino representa restrição e força. São os poderes que experimentamos como protetores e como tal, no mundo dos humanos, esta face divina também é vista no brilho das tropas militares, na polícia, assim como nos agressores solitários que somente exercem os poderes de Din, de forma que não serve a uma meta ou propósito, e somente induz a dor ao mundo. Este desequilíbrio em um indivíduo pode gerar, ao descartar a harmonia e focar toda a atenção e propósito no Din, a paranóia, e fazê-lo consumido com medos e ansiedade, enxergando o mundo como uma ameaça. Os homens violentos, os homens nocivos, aqueles que sofrem de paranóia e medo e vivem em um estado de guerra caótica interna, fundiram-se completamente na severidade divina. Tais pessoas não vêm que a compaixão divina é de longe maior do que sua restrição. Compaixão é o poder encontrado em Júpiter, dignificado e doador, é o Sol que brilha e nutre, não por causa de qualquer expectativa, mas por causa do amor pulsando dentro do azoth do cosmo. É uma abundância de bondade que está em todos os lugares, mesmo que não aceitemos ou queiramos vê-la. O homem violento, entretanto, vê somente o mal e mesmo esta abundância de amor pode parecer ameaçadora, porque a presença do amor ameaça as percepções amedrontadas do homem nocivo.

Algol é também conhecida como a estrela de Lilith, a primeira esposa de Adão, e novamente a idéia do mal vem a mente. Mas o que constitui esta 'maldade' se não uma abundância de poder? Neste caso, uma abundância de criatividade crua e indomada sugerindo que cessa quando sob supressão e metamorfoseia em violência. Geralmente Algol é mencionado sem mencionar-se a pequena estrela à alguns graus de distância, mas bem dentro de seu campo. Ela é vista como solitária em seu “mercurialismo” marcial, onde os poderes dos planetas se tornam uma aflição, que atrapalha sua expressão e sua união. Agora, corte esta tensão do isolamento não busque vítimas deliberadamente, é sempre um acidente quando adentramos na vibração enquanto ela batalha para se libertar de sua contenção. Naturalmente, este é um pequeno aspecto de um grande mistério cósmico, mas para o propósito da percepção do mal, é suficiente sugerir que o mal dentre os humanos é basicamente o que é alcançado ao se encontrar em estado de restrição, onde a frustração nascida faz com que o indivíduo se oculte em caixões de ferro e guarda sua expressão restrita ao atacar vigorosamente os transeuntes inocentes. Assim como o tempo passa e a frustração aumenta, o homem violento vê somente ameaça e o coração se fecha ao amor e a bondade, em sua busca de afirmação do mal fundamental no mundo. Isto nos conta que pessoas nocivas, violentas e maliciosas são sintomas de aprisionamento. Esta prisão é como o metal de marte, o ferro, extremo... sob calor se faz extremamente quente, e quando está sob influência do frio, se torna extremamente frio. Da mesma forma, o homem de ódio e violência é engolido pelos mesmos extremos, queimando em seu próprio mundo gelado de ferro e noite. O que vemos é um poder protetor que ficou mau, mas através da compreensão os caminhos libertadores da compaixão que podem ser encontrados, e isto não é somente a forma como aqueles são atormentados pelo medo devem ser abordados por nós – mas esta é uma das chaves para abordarmos Algol, quando buscamos seu auxílio.

Postagens mais visitadas deste blog

The ‘firmeza’ of Quimbanda

Quimbanda is a cult centred on the direct and head on interaction with spirit, hence developing mediumistic skills and capability in spirit trafficking is integral and vital to working Quimbanda. Possession is a phenomenon that intrigues and also scares. After all we have all seen movies like The Exorcist and other horror thrillers giving visual spectacles to how hostile spirits can take over the human body, mind and soul in intrusive and fatal ways. But possessions do find a counterpart in the shamanic rapture as much as in the prophet whose soul is filled with angelic light that makes him or her prophetic. Possession is not only about the full given over of your material vessel to a spirit that in turn uses the faculties of the medium to engage various forms of work. Inspiration, dream and to be ‘under the influence’ are potentially valid and worthy avenues for connecting with spirit. Yet another avenue for good spirit trafficking is the communion, or what Jake Stratton-Kent ca

A Quimbanda FAQ

In this article I will try to answer some questions concerning Quimbanda that surfaces with frequency. Questions concerning how to work this cult solitary and somehow dislocated from the cultural climate of understanding here in Brazil are frequently asked as are questions concerning the magical tools, such as guias, patuás and statues, available to the general public. I want to be initiated in Quimbanda, how do I proceed with that? When we speak of initiation in the perspective of Quimbanda we are speaking of a true and intense merging with spirit that involves a pact/agreement, a spirit vessel (assentamento), ordeal and oath. There are elements used in this process that are common to every house/terreiro/cabula/lineage of Quimbanda that reveals a common origin. There are different varieties of Quimbanda in Brazil, and the expression of the common root, will always depend of the constellation of spirits we find in the tronco. In other words, a ‘Casa de Exu’ that is dominated

Luxuria: The Seven Sins - part II of VII

"But every man is tempted, when he is drawn away of his own lust, and enticed. Then when lust hath conceived, it bringeth forth sin; and sin, when it is finished, bringeth forth death." - James 1: 14 - 15 -      Luxuria , or better known as lust is by John Cassian understood to be the very womb of sin and death in accordance with James 1. Whereas pride/hubris is the seed of sin, lust is the womb of the sinful seed. Today the word ‘lust’ carry an overtly sexual and hedonist flavor and in truth one of the predecessors of ‘luxuria’ is found in the activity related to porneia or prostitution, but more than this, luxuria is a thymus , an appetite. Perhaps the most proper idea that still carries on the inherent idea of ‘luxuria’ is actually luxury – in other words, an excess. In Antiquity as in galenic medicine all disease was caused by excess of something, in the cause of ‘luxuria’, we are speaking of an excess of pleasing oneself. This self pleasing is of a nature tha