A linguagem dos nossos sonhos reflete nossa verdadeira essência... - Bosh, o Jardim (centro) |
Com um novo livro sobre bruxaria prestes a vir à tona, chegam os ventos quentes das especulações. Alguns o fazem por temor que as máscaras possam cair, outros porque ‘devem’ ter uma impressão precisa sobre o caráter do autor para informar o rebanho, e ainda outros que se ocupam simplesmente com o preconceito cego. A maledicência tem sido moeda corrente no mercado da crença, em especial das ‘religiões’ que ainda buscam solo para expandir suas raízes.
Uma das especulações que estão em alta é a de que o autor do livro Ars of the Night (Artes da Noite), do autor Nicholaj de Mattos Frisvold, trabalhe um tipo de híbrido que ele gosta de chamar de Bruxaria Tradicional. Outra, mais nova, tenta descaracterizar, mais uma vez, o que é reconhecido internacionalmente como Bruxaria Tradicional, inclusive nos países de onde se originam as crenças que estas pessoas se orgulham em estar conectadas – um belo tiro no próprio pé. Existem ainda aqueles que refutam as credenciais dele como bruxo, baseados em informações incompletas sobre linhagem iniciática, fornecidas há anos atrás inadvertidamente por um novato. Ele está agora bem informado que este tipo de informação é concernente somente quando há reciprocidade de exibição de credenciais – não orais ou virtuais, e há de ser fornecida de forma completa, incluindo contexto e certificado. No mais, aquele que era novato ganhou maturidade e amor fraterno o suficiente para uma conexão real com os Mistérios, mais do que obteria através de uma aprovação relutante e cheia de preconceitos de qualquer frágil ‘personalidade’.
Isto tudo somente reflete a confusão criada pela falta de compreensão do que de fato trabalhamos em nossa família, o que parcialmente pode encontrar explicação no fato de não haver nenhum de nossos irmãos ocupado com a inútil, para não dizer estúpida, atividade de esmurrar pontas de facas em comunidades virtuais. Já fizemos isto, já vimos disto...e chegamos à adorável conclusão que não precisamos justificar nossas crenças, e que à comunidade “bruxística” falta muito contexto para entender o que realmente se passa em nossa família. Isto também reflete as decisões que tomamos de trilharmos o caminho ao invés de gritarmos verdades em cima do monte. Pois para quem quiser nos olhar nos olhos e conhecer de fato o que somos, existem portas abertas que deixamos espalhadas por aí.
Tive certa resistência para escrever esta postagem, mas penso que é mesmo uma pena ver que existe muita gente comprando as perspectivas distorcidas dos outros como se fossem verdades absolutas. Isto já passou do ponto de me chatear, pois tudo está exatamente do jeito que deveria estar. Hoje em dia vejo que quando há resistências há um fluxo de energia tentando encontrar seu caminho, exatamente como em um rio cheio de pedras, e as críticas fazem parte de nossa vida. As críticas servem como medidores de nosso sucesso, como pontos para reflexão e para analisarmos a forma que deixamos nossas pegadas no mundo. Então penso que esta seja uma pequena pegada, para olhos que estão buscando ver, por si.
Como sempre repetimos dentro da Via, a Arte Tradicional não precisa de defesa, e isto tem provado ser verdadeiro. Contudo, com a ausência de textos e traduções sobre a Arte Tradicional, muito barulho ao seu redor começou a surgir. Agora, assume-se que ela seja um híbrido pavoroso criado por alguns magos cerimoniais nos anos 60 em provável oposição a Gardner. Dizem também que isto não é o que eles reconhecem como “Bruxaria”. O mais engraçado é que nenhuma destas pessoas é o que podemos chamar de “autoridade”, com seus ‘selinhos de qualidade estampados na testa’ (“Hei Mamãe, olha aqui, eu sou reconhecido por algum grandão, então me responda!!!!”). Mas vou fazer um chamado para a realidade aqui: isto não existe em ‘Bruxaria’ e realmente acho que é desafio maior mostrar resultados, o que é mensurável em termos de eficiência real, visível e material. Sou extremamente relutante em ‘gastar vela boa com santo ruim’, e se a magia fica somente no reino da teatralidade, estou fora, pois fé cega é tão boa quanto qualquer outra ilusão.
Até agora poucos, tais como Paulo Coelho, mostraram esta capacidade de ‘manifestar neste plano’. E lógico, todo mundo aponta o dedo para ele para dizer que ele não é bruxo, enquanto ele encolhe os dedinhos para desaparecer e recebe honras de pessoas realmente importantes, enquanto as pálidas ‘personalidades bruxísticas’ se rasgam de inveja. Injusto? Não, bem merecido! Andou o caminho, trabalhou duro para escrever suas belas ficções e transformou seus sonhos em realidade.
O que ele fez, simplesmente, foi se apoiar no que nós, tradicionalistas, chamamos de Verdades Atemporais, e suas obras, mesmo que se caracterizem como pura ficção, contribuíram com o bem estar de várias pessoas no mundo. Estas ‘Verdades’ estão presentes em todas as religiões e cultos do mundo – exceto nas mais modernas que perderam sua conexão com estas fontes – e isto não significa que tudo seja colocado dentro de um só caldeirão e cozido como “bruxaria”. Quem fala isto está simplesmente fazendo o incauto engolir uma distorção, e quem tem engolido deveria fazer a pergunta: “com que propósito?”
Usando a culinária como uma metáfora para explicar o que se passa: é extremamente interessante conhecer todos os legumes, verduras, carnes e temperos, bem como o contexto cultural que uma dada culinária se desenvolve. Contudo, certos legumes, verduras, carnes e temperos são de uso comum em vários países e em vários contextos culturais. Agora, se alguns ‘temperos’ são comuns, o que de fato eles querem dizer? E mais, como saberia diferenciar este tempero sem provar um prato? Misturar todos os elementos em um caldeirão exigiria descartar qualquer perícia da arte de cozinhar, uma completa falta de paladar e uma flora intestinal imbatível. Então, vamos com calma, cada prato em sua panela apropriada!
Com isto quero dizer que o fato de uma pessoa conhecer uma variedade de pratos com a profundidade de um expert em culinária internacional, ou seja, se enfurnando pelas cozinhas do mundo, não faz com que esta pessoa sirva jantares ‘ecléticos’. Pelo contrário, esta pessoa conhece os contrastes, os parâmetros e a vasta riqueza ‘cultural’ de sua própria espécie.
Estas pessoas ocupadas em maldizer “todas as outras que não são o que eles pensam que a bruxaria é” querem discutir o que não entendem, e assim, querem formar uma idéia onde não há espaço deixado vago pela grandeza de suas próprias convicções. É tão absurdo quanto querer desafiar a natureza de nosso plano físico, forçando dois corpos a ocuparem um só espaço! Como estas pessoas não abrem ‘terreno’ para compreender, elas preferem então entrar em oposição, uns de forma velada e outros de forma explícita. Creio que subestimam a capacidade de análise de seus rebanhos, e quer saber? Eles estão certos quanto a isto. Enquanto as pessoas buscam se conformar com dogmas, com ‘despachantes da Deusa’ com ‘saltos de fé’ sobre um abismo de brigas, segundas intenções, revoltas e recalques, elas fizeram nada mais do que trocar os templos de pedra de Pedro por rituais floridos em parques. E tudo continua na mesma em nossa abençoada terra, e tudo está exatamente como deveria estar. Como diz um provérbio francês: “Quanto mais se tenta mudar algo, mais ela permanece a mesma”.
Que todos os deuses possam abençoar, mais e mais, com luz a todos que buscam por Ela.
From Diablerie